“Compre IA”, diz JP Morgan

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Imagem: elaboração própria/andrew neel/pexels

As ações relacionadas à Inteligência Artificial (IA) têm experimentado uma valorização impressionante, levando muitos investidores a se perguntarem se estamos à beira de uma nova bolha tecnológica, similar à bolha pontocom do final dos anos 90.

Naquela época, o entusiasmo desenfreado com a internet levou a uma supervalorização de ações de tecnologia, culminando em um colapso que apagou trilhões de dólares do mercado.

Hoje, empresas como a Nvidia, que lidera o setor de GPUs, estão vendo uma demanda sem precedentes por suas unidades, estimada em US$ 2 trilhões, devido ao crescimento acelerado da IA.

Paralelamente, o impacto da IA em setores como atendimento ao cliente, saúde, finanças e logística está se tornando cada vez mais evidente.

A Klarna, por exemplo, usou um assistente de IA que realizou o trabalho equivalente a 700 agentes em tempo integral em apenas um mês, destacando o poder transformador da tecnologia.

No entanto, será que essa valorização reflete um otimismo sustentável ou estamos novamente diante de uma euforia especulativa que pode resultar em uma correção severa?

O JP Morgan acredita que o cenário atual é substancialmente diferente daquele vivido durante a bolha pontocom.

Argumentam que, ao contrário do passado, as bases para o crescimento das ações de IA são mais sólidas e fundamentadas em expectativas realistas de crescimento de lucros e inovação contínua.

Convidamos você a explorar os pontos destacados pelo JP Morgan, que argumentam por uma visão otimista e fundamentada para a compra de ações de IA, tanto na infraestrutura quanto nas aplicações, oferecendo uma perspectiva diferenciada sobre o futuro deste setor em expansão

Relembrando a bolha.com

A bolha pontocom, ocorrida entre 1995 e 2000, é um dos episódios mais emblemáticos da história do mercado de ações.

Marcada por um entusiasmo desmedido com a internet e as novas tecnologias, essa era viu a valorização astronômica de ações de empresas de tecnologia, seguida por um colapso dramático que trouxe lições duras para investidores e empresas.

A ascensão das pontocom

No início da década de 1990, a internet começou a ganhar popularidade.

A promessa de um novo mundo digital onde informações, comércio e comunicação estariam ao alcance de todos gerou um otimismo sem precedentes.

Empresas emergentes, muitas delas mal estruturadas e sem um modelo de negócios claro, começaram a ser criadas em ritmo frenético.

O mercado de ações refletiu esse otimismo. Investidores, movidos pela perspectiva de ganhos rápidos e impressionados pela inovação tecnológica, começaram a injetar grandes quantidades de dinheiro em empresas pontocom.

O índice Nasdaq, fortemente concentrado em tecnologia, subiu de forma meteórica. Entre 1995 e 2000, o índice Nasdaq aumentou mais de 400%. Veja a seguir:

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Supervalorização do Nasdaq durante a bolha.com. Fonte: Google

A euforia irracional

A especulação desenfreada levou muitas dessas empresas a serem valorizadas em níveis absurdos, muitas vezes sem que tivessem apresentado qualquer lucro real.

Qualquer startup com um plano de negócios relacionado à internet conseguia levantar capital facilmente, alimentando ainda mais a bolha.

A crença generalizada era de que a internet mudaria tudo, justificando, assim, as altas valorizações.

Empresas como Pets.com e Webvan são exemplos clássicos dessa época.

A primeira, um site de venda de produtos para animais de estimação, foi um dos casos mais simbólicos.

Com um enorme orçamento de marketing, mas sem um modelo de negócios sustentável, a Pets.com foi à falência em menos de um ano após seu IPO, em 2000.

O estouro da bolha

Em março de 2000, a realidade começou a se impor. A percepção de que muitas dessas empresas nunca seriam lucrativas começou a se espalhar entre os investidores.

O índice Nasdaq, que atingira seu pico em março de 2000, começou a despencar.

Nos dois anos seguintes, o índice Nasdaq perdeu quase 80% de seu valor, eliminando trilhões de dólares em valor de mercado.

Empresas que haviam sido estrelas de Wall Street desapareceram ou foram adquiridas por valores irrisórios.

As consequências foram severas não apenas para os investidores, mas também para o mercado de trabalho e a economia em geral.

Muitos trabalhadores de tecnologia perderam seus empregos e a economia dos Estados Unidos entrou em uma recessão.

Cenário diferente para IA

O JP Morgan destaca que o cenário atual difere significativamente da bolhacom.

Enquanto a bolha pontocom foi impulsionada por especulações e expectativas excessivas, a valorização das ações de IA é respaldada por fundamentos mais sólidos.

Os dados indicam que, em 2000, as avaliações eram extremamente elevadas em comparação com o crescimento esperado dos lucros das empresas de tecnologia.

Em contraste, as atuais líderes de IA apresentam avaliações mais baixas e expectativas de crescimento mais altas.

Além disso, a diversificação geográfica e setorial é enfatizada como essencial para os investidores interessados no segmento de IA.

O JP Morgan destaca oportunidades tanto na infraestrutura (IA 1.0) quanto em software e aplicações (IA 2.0), enfatizando a importância de manter uma exposição equilibrada em toda a cadeia de valor da IA.

Perspectiva Global

O JP Morgan enfatiza a importância de uma visão global sobre a Inteligência Artificial (IA).

A China, por exemplo, está rivalizando de perto com os Estados Unidos, e a Índia tem um enorme potencial devido à sua vasta quantidade de dados e uso de dispositivos móveis.

A Europa, com seus robustos setores industriais, também oferece oportunidades significativas.

Os governos estão começando a reconhecer a importância estratégica da IA, o que pode levar a uma intensificação da concorrência e à implementação de novas regulamentações.

O JP Morgan acredita que, ao longo dos próximos anos, a IA transformará rapidamente a forma como pensamos, trabalhamos e resolvemos problemas, abrindo caminho para inovações e mudanças revolucionárias.

Em resumo, enquanto o forte desempenho das ações de IA pode evocar memórias da bolha das pontocom, o JP Morgan argumenta que as bases para o crescimento das ações de IA são mais sólidas e promissoras.

Assim, a valorização das ações de IA é vista como uma oportunidade plurianual, sustentada por fundamentos robustos e uma perspectiva de crescimento global.

Disclaimer: As informações contidas neste artigo não constituem, nem tampouco devem ser interpretadas como um conselho, recomendação, oferta e  solicitação para compra ou venda de ações, títulos, valores mobiliários e de quaisquer outros instrumentos financeiros.

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