O nível inflacionário de um país é um indicador crucial de sua condição macroeconômica.
Vejamos o exemplo da Argentina, onde a inflação atingiu 8,8% em abril, com um acumulado de 289,4% nos últimos 12 meses.
Apesar de ainda ser elevada, essa taxa representa uma melhoria significativa em relação ao ano anterior.
A inflação mensal argentina caiu de alarmantes 25% em dezembro para 8,8% em abril, reforçando a confiança de cidadãos e investidores na eficácia da governança econômica disciplinada sob a liderança de Javier Milei.
Além disso, a Argentina registrou seu primeiro superávit orçamentário em mais de uma década, após o governo anterior deixar a Casa Rosada com um déficit de 5,5% do PIB.
Esses avanços destacam os esforços de Milei em estabilizar a economia argentina.
Mas e no Brasil? Será que as projeções de uma inflação controlada têm fundamento?
A seguir, analisaremos as projeções do Banco Central (BC) para a inflação em 2024 e compartilharemos nossa perspectiva sobre a situação.
Boletim Focus
O Boletim Focus desta semana trouxe as projeções para os principais indicadores da economia.
Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção para 2024 aumentou de 3,72% na semana anterior para 3,76% nesta semana.
Além disso, a mediana das expectativas para 2025 subiu de 3,64% para 3,66%, revelando uma tendência de alta nas projeções de inflação.
Vale ressaltar que a meta de inflação estipulada pelo Banco Central (BC) é de 3,0%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Ata do Copom
Foi divulgada a ata da 262ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, na qual foi decidido um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, reduzindo-a de 10,75% para 10,50% ao ano.
Veja a seguir os principais pontos abordados na ata do Copom:
Incerteza com o exterior
Na ata da 262ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada recentemente, os membros destacaram um ambiente externo mais adverso, marcado por incertezas elevadas e persistentes.
Segundo a ata, os bancos centrais das principais economias continuam focados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em meio a pressões nos mercados de trabalho.
Com o fortalecimento do mercado de trabalho, pode ocorrer um aquecimento da economia, aumentando os riscos inflacionários.
Isso sinaliza uma possibilidade negativa para cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.
O Comitê enfatiza a necessidade de uma abordagem cautelosa na condução da política monetária doméstica, dado o cenário externo volátil.
A ata ressalta que as expectativas do mercado em relação ao afrouxamento monetário têm apresentado grandes oscilações, sugerindo um cenário incerto sobre os próximos passos da política monetária nos Estados Unidos.
Além disso, houve uma reprecificação do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, com uma redução na extensão e um adiamento no início desse ciclo.
Cenário Doméstico
O Copom reiterou sua preocupação com o enfraquecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, juntamente com o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública.
Tais fatores têm o potencial de elevar a taxa de juros da economia, segundo o Comitê, com possíveis impactos adversos sobre a eficácia da política monetária e sobre o custo de desinflação em termos de atividade econômica.
Perspectivas para a economia brasileira
Enquanto o Brasil enfrenta desafios econômicos, a inflação continua sendo uma preocupação central.
A desvalorização da moeda e as pressões inflacionárias provenientes do cenário externo, especialmente nos Estados Unidos, adicionam uma camada adicional de complexidade às projeções econômicas para os próximos anos.
No entanto, é importante notar que o país tem implementado medidas para fortalecer sua economia e mitigar os impactos negativos.
O recente corte na taxa básica de juros pelo Copom é um exemplo disso, buscando estimular o crescimento econômico e controlar a inflação.
Além disso, a agenda de reformas estruturais e o compromisso com a disciplina fiscal são fundamentais para criar um ambiente econômico mais estável e favorável ao crescimento sustentável.
A busca por uma política monetária prudente e uma gestão fiscal responsável são essenciais para enfrentar os desafios atuais e preparar o terreno para um futuro econômico mais sólido e próspero.
O IPCA alcançará 3,76% em 2024?
As causas da alta inflação são multifacetadas, indo desde o desequilíbrio das contas governamentais até a influência da economia global sobre o país.
Quanto aos efeitos da inflação nos EUA, os países emergentes como o Brasil geralmente enfrentam um impacto maior das crises externas, uma vez que uma parte significativa de seus produtos é sensível às flutuações da taxa de câmbio.
O Comitê enfatizou que o cenário externo continua a exigir cautela por parte dos países emergentes.
É importante notar que o processo de desinflação ao longo dos meses demonstrou um progresso considerável, com perspectivas de continuidade dessa tendência no futuro.
Portanto, acredito que a inflação encerre 2024 abaixo de 3,76%, devido aos potenciais cortes adicionais na taxa Selic, à desaceleração do mercado de trabalho nos EUA e ao controle dos gastos públicos pelo governo.
Disclaimer: As informações contidas neste artigo não constituem, nem tampouco devem ser interpretadas como um conselho, recomendação, oferta e solicitação para compra ou venda de ações, títulos, valores mobiliários e de quaisquer outros instrumentos financeiros.