Neste domingo (26), Ueda Kazuo, governador do Banco do Japão (BoJ), fez um discurso importante em um seminário organizado em Tóquio.
Esse evento reuniu especialistas para discutir a inflação e as políticas monetárias.
Ueda falou sobre os desafios que o Japão enfrenta depois de anos com políticas monetárias muito flexíveis e a necessidade de agir com cuidado para atingir as metas de inflação.
O Japão e o BoJ
O Japão é a quarta maior economia do mundo, mas tem enfrentado dificuldades com a baixa inflação nas últimas décadas, a qual vem diminuindo nos últimos meses.
O Banco do Japão (BoJ), responsável pela política monetária do país, tem tentado estimular a economia e alcançar uma inflação estável de 2%.
Mudanças na política monetária
Em março de 2024, o BoJ decidiu parar com a maioria das suas medidas de flexibilização monetária, devido à melhora nas expectativas de inflação.
Isso incluiu o fim do controle da curva de rendimentos, que mantinha as taxas de juros de curto prazo negativas e controlava os rendimentos dos títulos do governo japonês a 10 anos.
O banco também parou de comprar ativos arriscados, como ETFs de ações e fundos imobiliários.
A armadilha da inflação zero
Desde os anos 1990, o BoJ usa medidas de flexibilização para tentar estimular a economia, mas a inflação no Japão permaneceu muito baixa, entre -1% e 0,7%, por 27 anos.
Ueda explicou que isso aconteceu principalmente porque as taxas de juros nominais chegaram a zero, limitando a capacidade do BoJ de estimular a economia.
A flexibilização monetária em grande escala
O BoJ tentou várias medidas para estimular a economia, como manter as taxas de juros negativas e comprar ativos de longo prazo.
Mesmo assim, o banco encontrou dificuldades para sair da armadilha da inflação zero.
Ueda destacou que, nos primeiros anos dessa armadilha, não havia uma meta de inflação clara.
Apenas em 2013 o BoJ estabeleceu uma meta de inflação de 2%, o que poderia ter ajudado nas decisões anteriores.
Expectativas de baixa inflação
Ueda explicou que as expectativas de baixa inflação ficaram enraizadas na economia japonesa.
Quando as empresas não acreditam que seus concorrentes aumentarão os preços, elas mantêm os próprios preços e salários inalterados, perpetuando a baixa inflação.
Recentemente, as empresas japonesas começaram a aumentar os preços, mostrando uma mudança nessa tendência.
Desafios futuros
Ueda falou sobre os desafios que o BoJ enfrenta para alcançar uma inflação de 2% de maneira sustentável e estável.
Ele destacou a necessidade de agir com cautela, assim como outros bancos centrais.
Um dos maiores desafios é determinar a taxa de juros neutra, que é difícil de estimar no Japão devido ao longo período de taxas de juros próximas de zero.
A falta de movimentos significativos nas taxas de juros dificulta a avaliação da resposta da economia às mudanças nas taxas, tornando a tarefa do BoJ ainda mais complexa.
O banco precisa encontrar um equilíbrio entre estimular o crescimento econômico e manter a estabilidade dos preços.
Conclusão
O discurso de Ueda Kazuo no seminário destacou a complexidade da política monetária do Japão e os desafios únicos enfrentados pelo país.
O BoJ fez progressos ao se afastar das políticas de taxa de juros zero e aumentar as expectativas de inflação, mas o caminho para uma inflação sustentável de 2% ainda é desafiador.
A abordagem cautelosa do BoJ reflete a necessidade de equilibrar cuidadosamente o estímulo econômico com a estabilidade dos preços, enquanto navega por um cenário econômico global em constante mudança.
Disclaimer: As informações contidas neste artigo não constituem, nem tampouco devem ser interpretadas como um conselho, recomendação, oferta e solicitação para compra ou venda de ações, títulos, valores mobiliários e de quaisquer outros instrumentos financeiros.